A pandemia de Covid-19 matou pelo menos 5.214.847 pessoas em todo o mundo desde Dezembro de 2019, segundo o mais recente balanço feito pela agência France-Presse com base em fontes oficiais. No total, 262.269.390 casos de infecção foram oficialmente diagnosticados no mesmo período.
Estes valores têm como base os balanços comunicados diariamente pelas autoridades sanitárias de cada país, mas excluem as revisões realizadas por alguns organismos responsáveis por estatísticas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima, tendo em conta a mortalidade directa e indirecta relacionada com a Covid-19, que o balanço da pandemia pode ser duas ou três vezes superior ao que é oficialmente recenseado.
Uma grande parte dos casos menos graves ou assintomáticos continuam por detectar, apesar da intensificação dos processos de despistagem adoptados em vários países.
Os países que registaram o maior número de novas mortes nos seus relatórios mais recentes são os Estados Unidos da América com 1.809 novas mortes, Rússia (1.226) e Polónia (570).
Os Estados Unidos são o país mais afectado em termos de mortes e casos, com 780.233 mortes para 48.557.723 casos, de acordo com o levantamento realizado pela Universidade Johns Hopkins.
Depois dos Estados Unidos, os países mais afectados são o Brasil com 614.681 mortes e 22.094.459 casos, a Índia com 469.247 mortes (34.596.776 casos), o México com 294.246 mortes (3.887.873 casos) e a Rússia com 276.419 mortos (9.669.718 casos).
Entre os países mais atingidos, o Peru é o que apresenta o maior número de mortes em relação à sua população, com 610 mortes por 100.000 habitantes, seguido pela Bulgária (408), Bósnia-Herzegovina (384), Montenegro (367), Macedónia do Norte (364), Hungria (357) e República Checa (310).
A América Latina e Caraíbas totalizaram até hoje 1.540.938 mortes para 46.680.781 casos, a Europa 1.524.902 mortes (84.715.929 casos), a Ásia 898.262 mortes (57.244.647 casos), os Estados Unidos e Canadá 809.913 mortes (50.349.521 casos), a África 222.850 mortes (8.652.693 casos), o Médio Oriente 214.684 mortes (14.315.007 casos) e a Oceânia 3.298 mortes (310.819 casos).
Este balanço foi realizado com base em dados recolhidos pelas delegações da France-Presse junto das autoridades nacionais competentes e informações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Devido a correcções ou publicação tardias dos dados, os números do aumento em 24 horas podem não corresponder exactamente aos publicados no dia anterior.
Sob a pergunta “Duas pandemias?”, Mia Couto e José Eduardo Agualusa escreveram:
«No dia em que a Europa interditou os voos de e para Maputo, Moçambique tinha registado 5 novos casos de infecção, zero internamentos e zero mortes por COVID 19. Nos restantes países da África Austral a situação era semelhante. Em contrapartida, a maioria dos países europeus enfrentava uma dramática onda de novas infecções.
Cientistas sul-africanos foram capazes de detectar e sequenciar uma nova variante do SARS Cov 2. No mesmo instante, divulgaram de forma transparente a sua descoberta. Ao invés de um aplauso, o país foi castigado. Junto com a África do Sul, os países vizinhos foram igualmente penalizados. Em vez de se oferecer para trabalhar juntos com os africanos, os governos europeus viraram costas e fecharam-se sobre os seus próprios assuntos.
Não se fecham fronteiras, fecham-se pessoas. Fecham-se economias, sociedades, caminhos para o progresso. A penalização que agora somos sujeitos vai agravar o terrível empobrecimento que os cidadãos destes países estão sendo sujeitos devido ao isolamento imposto pela pandemia.
Mais uma vez, a ciência ficou refém da política. Uma vez mais, o medo toldou a razão. Uma vez mais, o egoísmo prevaleceu. A falta de solidariedade já estava presente (e aceite com naturalidade) na chocante desigualdade na distribuição das vacinas. Enquanto, a Europa discute a quarta e quinta dose, a grande maioria dos africanos não beneficiou de uma simples dose. Países africanos, como o Botswana, que pagaram pelas vacinas verificaram, com espanto, que essas vacinas foram desviadas para as nações mais ricas.
O continente europeu que se proclama o berço da ciência esqueceu-se dos mais básicos princípios científicos. Sem se ter prova da origem geográfica desta variante e sem nenhuma prova da sua verdadeira gravidade, os governos europeus impuseram restrições imediatas na circulação de pessoas.
Os governos fizeram o mais fácil e o menos eficaz: ergueram muros para criar uma falsa ilusão de protecção. Era previsível que novas variantes surgissem dentro e fora dos muros erguidos pela Europa. Só que não há dentro nem fora. Os vírus sofrem mutações sem distinção geográfica. Pode haver dois sentimentos de justiça. Mas não há duas pandemias.
Os países africanos foram uma vez mais discriminados. As implicações económicas e sociais destas recentes medidas são fáceis de imaginar. Mas a África Austral está longe, demasiado longe. Já não se trata apenas de falta de solidariedade. Trata-se de agir contra a ciência e contra a humanidade.»
Por outro lado, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, mostrou-se “muito preocupado” pelo isolamento da África Austral, no seguimento da descoberta da variante Ómicron nesta região
“O povo africano não pode ser responsabilizado pelo nível imoralmente baixo das vacinas disponíveis em África, e não deve ser penalizado por ter identificado e partilhado as informações científicas e sanitárias essenciais com o mundo”, disse António Guterres, citado num comunicado pela agência francesa de notícias, a AFP.
A covid-19 provocou pelo menos 5.197.718 mortos mortes em todo o mundo, entre mais de 260,81 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
Primeiro a economia, depois as pessoas?
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) defende como prioritário produzir e distribuir vacinas contra a Covid-19 “o mais rápido possível”, na sequência do surgimento da variante Ómicron, que poderá travar o crescimento económico.
“A prioridade continua a ser garantir que as vacinas sejam produzidas e distribuídas o mais rápido possível em todo o mundo, incluindo as doses de reforço”, defendeu a OCDE nas suas projecções económicas hoje divulgadas, ressalvando que a recuperação vai ser precária enquanto esse objectivo não for alcançado.
As previsões da OCDE de crescimento global, que ainda não têm em conta a nova variante, foram revistas ligeiramente em baixa para 5,6%, face às estimativas de Setembro.
O presidente da reserva-federal norte-americana (FED), Jerome Powell, avisou que o aumento dos casos de infecção de Covid-19 e o crescimento da nova variante Ómicron podem desacelerar a melhoria verificada nos níveis de emprego e o crescimento económico, levando ainda a uma maior incerteza no que se refere à inflação.
A subida da inflação nos EUA pode ser mais persistente do que o previsto, face à chegada da nova variante Ómicron, estando a FED a avaliar a retirada do programa de compra de títulos, conforme notou Jerome Powell.
Folha 8 com Lusa